A transição do Jardim de Infância para o 1º ano é sempre tida com alguma ansiedade por parte dos pais e da própria criança. São muitas as dúvidas que surgem nos pais e nos educadores relativamente à entrada das crianças neste ano de escolaridade.
Para as crianças que fazem os 6 anos entre 16 de setembro e 31 de dezembro, a inscrição é opcional.Mas, para as restantes, mesmo sendo obrigatória a inscrição, podem nem sempre estar reunidas as capacidades necessárias para a mudança (fatores cognitivos e emocionais).
Julga-se importante que esta “passagem” seja sempre apoiada pelos educadores que acompanharam a criança e que conhecem bem as suas competências e aquisições realizadas.
Fatores do desenvolvimento, mas também de maturidade, deverão ser sempre tidos em conta. É essencial que exista um desenvolvimento harmonioso -cognitivo, linguístico, motor e social – para que a criança consiga ganhar competências mais complexas, como a leitura e escrita.
A pressão social a que a criança é sujeita e a forma como o ensino está estruturado conduzem a uma grande exigência desde o pré-escolar, altura em que a criança deveria somente brincar e, na realidade, já é invadida com aprendizagens a um nível superior: aprender letras, a ler sílabas e palavras. Um dos pré-requisitos essenciais para a criança aprender a ler e a escrever é o domínio da linguagem falada ao nível do conhecimento semântico (significado das palavras, frases e textos), conhecimento morfossintático (reconhecer palavras na frase, como se relacionam entre si e como se organizam de forma a ter uma correta estruturação frásica) e conhecimento fonológico (reconhecer unidades de fala e ter a perceção que as letras representam os sons da fala).
Paralelamente, a criança deverá ter sensibilidade à melodia, ao ritmo e à acentuação.
Destacamos os sinais de alerta, ao nível da linguagem, na faixa etária dos 5 aos 6 anos:
- Estruturação incorreta de frases
- Permanência de erros articulatórios
- Erros sistemáticos na estruturação das frases
- Discurso incoerente
- Indícios de gaguez
- Rouquidão frequente
Não devemos nunca esquecer que cada criança é um ser único e, como tal, há que respeitar o ritmo de aprendizagem, preferências e motivações de cada uma. A todos desejamos uma tomada de decisão apoiada no real interesse da criança, tendo sempre em conta as suas características pessoais e de desenvolvimento.
Artigo assinado pela psicóloga Inês Anacleto e pela terapeuta da fala Laura Gonçalves
Fontes: “O gato comeu-te a língua?”, Rombert,J. (2013) | “Para uma aquisição precoce e optimizada da linguagem”, Rigolet, S. (2006)